Como o ecossistema de inovação de sua região promove o empreendedorismo feminino?
Em países de renda média alta, as mulheres empresárias correspondem a 1/3 do total dos empresários que iniciam atividades de alto crescimento, tanto em negócios nascentes (startups), quanto em negócios consolidados.
Os dados do relatório do Global Entreprewneurship Monitor (2021/202) apontam que as taxas de inovação foram mais altas para as mulheres em países de renda média-alta.
Em nível global, há pouca diferença de gênero de idade e educação entre homens e mulheres. As desigualdade de gêneros refletem-se, principalmente, na renda familiar e nas condições de acesso ao universo empreendedor. Com ênfase para o fato de que, as mulheres empreendedoras são menos propensas a terem suas origens em famílias de baixa renda.
Há uma assimetria de oportunidades e escolhas entre países de alta e baixa complexidade, especialmente, porque é necessário considerar fatores culturais e estruturais, em nível local.
A trajetória das mulheres no processo de desenvolvimento econômico e social apresenta heterogeneidade e desigualdade em nível global. Não há dúvidas de que há uma evolução, em especial, no contexto de mudança de paradigma que a sociedade vivencia. Iniciativas que implementem o critério da igualdade e inclusão nas organizações, em políticas públicas e espaços de poder que promovam a alteridade do "status quo" vigente no campo do empreendedorismo.
#Empreendedorismo científico
Na esfera do empreendedorismo científico vivenciado por quem escreve esta coluna é possível testemunhar esta realidade também. Ações como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável têm provocado iniciativas de mitigação desses fatores de desigualdade. STEM and SAGA lançados pela Unesco (2015) fortalecem o apoio a igualdade de gênero, bem como o movimento Parent in Science, que levanta a discussão sobre a parentalidade no campo da ciência e pesquisa e o Woman in Science com o propósito de fortalecer a agenda científica e de redes nacionais e internacionais em carreiras do STEM.
Há muitos desafios a serem superados pelo empreendedorismo feminino, diria que há um avanço em vários campos que têm favorecido o impulsionamento dos negócios originados pelas mulheres.
Não há neutralidade para o empreendedorismo, inovação e trabalho. Todos os dias acompanhamos uma violência na forma de atitudes que contrariam pressupostos da dignidade e integridade humana.
O corporativismo do machismo estrutural, o patriarcalismo latente e bem brasileiro, que prioriza delegar para homens mimados e brancos cargos de liderança sem a devida competência e mérito intelectual.
Não é possível ignorar que, mulheres também reproduzem o "modus operandi" de uma cultura ultrapassada. A sabotagem e ausência de sororidade ainda prevalece, pois ambientes corporativos precisam manter um modelo mental que nutra esta desigualdade através da competitividade interna com a manutenção de condicionamento para a exclusão e garanta laços sociais fracos e despossuídos de consciência colaborativa.
O ecossistema de inovação local deve ser democrático, aberto e acessível. Qualquer barreira imposta é um ato de segregação e de exclusão. A diversidade é um fator determinante para o avanço das ideias. Inclusão e ampliação de oportunidades e escolhas determinam a configuração de territórios inovadores.
Autora: Fabiane Frois B Weiler
Consultora, pesquisadora e fundadora da Tropicália Lab do Brasil.
Fontes:
ELAM, A. et al. Global Entreprewneurship Monitor (2021/22): Women’s Entrepreneurship Report From Crisis to Opportunity. Babson Colllege.
Programa Mulheres na Ciência. Fazendo acontecer: ferramentas de empreendedorismo para pesquisadoras. British Council. 2022.
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